quinta-feira, 28 de julho de 2011

MAMÃE, VOVÓS, CRECHE-ESCOLA OU BABÁ ?

Dra Adriana Oliveira Lima

Quando a mãe tem que trabalhar, ou mesmo quando se sente realizada e feliz trabalhando fica a questão de com quem deixar os filhos, em quem confiar longas horas da educação das crianças.
A primeira opção é sempre as avós pela total confiança, particularmente quando são ainda bebês. Entretanto cada vez mais esta instituição avó esta acabando, as avós têm suas próprias vidas, suas amigas, trabalho ou outros interesses e, cada vez menos, estão disponíveis para tomar conta dos netos.

As avós, nos primeiros meses de vida desempenham papel importante por conversarem com os bebês e ensinar-lhes um cem número de imitações importantes no processo de desenvolvimento cognitivo. Por outro lado quando assumem esta tarefa têm grande dificuldade em impor limites, ou estimular aspectos cognitivos dos mais velhos pelo excesso de zelo e atenção despendidos aos pequeninos. Sem dúvida, entretanto, os avós são uma boa opção para deixarmos os bebês.

As babás ou enfermeiras são a opção de muitos pais que devem, no entanto, ter, antes de tudo, boas referências para entregar-lhes os bebês. A babá, por mais competente que seja não possui a formação necessária para estimular o desenvolvimento da criança criando com a criança relação de dependência e superproteção. O maior inconveniente das babás para os pequeninos é a incapacidade de tomar decisões em ocorrências fora da rotina.

As creches devem ser observadas, deve-se certificar de que existem espaços e programações para as crianças fora do berço, particularmente para as crianças acima de seis meses. Muitas vezes as crianças permanecem “presas” em berços por longos períodos. Deve-se verificar a existência de recursos para estimulação do desenvolvimento e a competência da equipe. A grande vantagem é o estímulo ao desenvolvimento e a competência na tomada de decisão.

Assim que a criança for aceita em regime escolar (em alguns casos por volta dos 18 meses) esta será a melhor opção, pois terá o conjunto de vantagens das creches acrescidas do fato do leque de atividades ser sempre mais amplo e diversificado.

Afinal de contas esta é uma decisão difícil que depende dos pais ponderarem diversos aspectos em questão, desde aqueles econômicos até os relativos ao desenvolvimento do seu(a) filho(a).

Lembramos apenas que nesta discussão levem em conta a proposição do Prof. Lauro de Oliveira Lima: “ O melhor brinquedo que se pode dar a uma criança é outra criança”. Assim, se em casa com a babá a criança sofre menos doenças, também perde importantes momentos do seu desenvolvimento afetivo e cognitivo e, portanto, a escola passa a ser o lugar “ótimo” o mais rapidamente possível.



A inteligência da criança observa amando e não com indiferença - isso é o que faz ver o invisível.
MARIA MONTESSOURI

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O Laço e o Abraço


MARIA BEATRIZ MARINHO DOS ANJOS


Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita... Dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
...
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.


Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah, então, é assim o amor, a amizade.
Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.

Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.

Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.

Então o amor e a amizade são isso...

Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!


agradeço a Ana Beatriz Albuquerque pela lembrança de tão bonitos versos.

terça-feira, 19 de julho de 2011

IMPASSES NA APRENDIZAGEM

Maria das Graças Soares
Psicanalista.



Para Piaget a aquisição do conhecimento se dá pela via dos processos de equilibração e desequilibração, caminhos que levam à assimilação do conhecimento pela criança.
Tais processos na rotina de um aluno seriam naturalmente simples não fossem as contingências que afetam a relação sentir/pensar no sujeito.
Um número considerável de crianças na idade escolar apresenta dificuldades no processo de aprendizagem, cuja solução mais comum que os pais e educadores encontram é o reforço escolar, que sem alcançar as causas mais plausíveis desse transtorno, não passa de um paliativo, além de sobrecarregar a já tão pesada rotina que as crianças de hoje são submetidas.
As dificuldades de atenção e conflitos no relacionamento com colegas e professores são diagnosticados pelos profissionais da saúde como “déficits”, onde prevalece hoje o diagnóstico generalizado de TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, negligenciando-se a singularidade de cada um.
Portanto, salvo as crianças autistas e aquelas que sofreram algum tipo de danos cerebrais, o referencial orgânico e/ ou neurológico deve ser excluído no tratamento dos distúrbios de aprendizagem.
A visão organicista dessa problemática deve dar lugar à concepção da família como uma estrutura na cultura, da qual a criança faz parte.
Tomar a família como uma estrutura implica necessariamente em atribuir “lugares” que serão ocupados por seus componentes. E aqui entra a questão do desejo em sua relação com a linguagem e a lei. Lei intimamente relacionada com a função paterna, que irá operar no sentido de determinar um lugar para cada um na estrutura: lugar do pai, lugar da mãe e lugar do filho. Aqui já entramos no universo simbólico, onde as relações de parentesco tem lugar. O pai – através de seu discurso e lugar no desejo materno, é quem faz a função de atribuir e assegurar o lugar de cada filho na estrutura. Isso faz parte da tão conhecida função paterna.
Se essa função claudica demasiadamente, os membros da família podem ficar à deriva, e a criança , freqüentemente, lança mão do sintoma como defesa. Sintoma que pode surgir sob várias identidades: déficits, agressividade, hiper-atividade e outros tantos, aqui inumeráveis.
Enfim, impossível de esgotar tais questões em tão poucas linhas vou concluir, lembrando que, freqüentemente os problemas de aprendizagem no escolar tem origem na dinâmica familiar e nele está implicado uma recusa inconsciente da criança pelo saber. Toda ela, nesse ponto do seu desenvolvimento, nutre naturalmente, como bem o disse Freud, um ímpeto pela investigação intelectual, uma curiosidade inata, só contrariada pelas contingências no seio da família.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Capacitação de professores – PARTE II Esta acabando a profissão “PROFESSOR” ?

Adriana Oliveira Lima

O segundo grande problema que temos que encarar na educação quanto a capacitação dos professores é a fluidez, a rotatividade, a evasão. Se por um lado o descaso com a educação foi a principal causa da evasão dos quadros de profissionais desta área, por outro a própria sociedade ajuda a consolidar uma visão desvalorizada da educação e da escola. A escola pública paga mal e pode-se ver o desvinculo completo entre a sociedade e o professorado, quando deixa-se que greves durem meses (sic!!!).
Do ponto de vista da escola privada os custos trabalhistas e o controle de mercado, impedem possibilidades de estabelecer relação trabalhista como outras empresas privadas podem fazer, ficando a educação sempre sob o controle do estado.
Assim é que o maior contingente dos poucos professores que se formaram nos últimos anos buscaram os concursos públicos que lhes dará em contrapartida ao baixo salário, a estabilidade e uma menor exigência de trabalho. Evadem-se assim os quadros formados, na maioria nas redes privadas, deixando estas instituições (privadas) no ciclo vicioso: “recrutar, capacitar e perder”.
As grandes empresas educacionais, com uma quantidade abusiva de alunos por sala pagam pouco mais dão a ilusão do prestígio fazendo assim, um garimpo sociológico que retira das pequenas escolas seus quadros quase anualmente.
Na dança das cadeiras as pequenas escolas são as que mais investem nas capacitações, na aceitação do profissional de primeiro emprego e no investimento em treinamento em serviço. Mas é delas que os tubarões se alimentam e, sem investir nada em capacitação, distribuem alguns reais a mais (mas muito longe de sua real possibilidade) para captar professores. Mas deles também os professores partem, e com razão, o sistema público termina por ser o mais limitado e menos criativo, mas o que oferece melhores soluções trabalhistas.
Sempre trabalhando em pequenas escolas tenho visto este rito ininterrupto de formar professores e perde-los e recomeçar, sempre....Mas o mercado de professores esta minguando...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Capacitação de professores – PARTE I Adriana Oliveira Lima


Compreender a capacitação é compreender uma questão bastante ampla que envolve todo o processo educacional. É preciso, antes de tudo, compreender os problemas, principalmente este vício brasileiro que desconecta os discursos e as práticas.
Primeiro problema: Falta de TOMADA DE CONSCIÊNCIA sobre a incompetência e as necessidades de mudança:
a) Das escolas que nos modelos tradicionais não mudam nenhum fator estrutural, apenas agregam um ou outro “valor” da modernidade (computador, tablets etc.).
b) Das escolas pequenas que na maioria das vezes monta um discurso e conduz sua prática pedagógica com “atividades legais”, ou seja, sem um contexto teórico que conduza o conjunto das práticas pedagógicas.
c) Dos pais que procuram reproduzir suas próprias vidas ou atender seus desejos através dos filhos e não se dão conta das mudanças sociais, tornando-se assim o sustentáculo da reprodução incompetente da escola.
d) A incapacidade da sociedade se perceber como “fracasso” para então tomar posição mais clara para fomentar reais mudanças no sistema (mas esta é uma característica das sociedades em geral).

Segundo problema: A questão que tem relação direta com os dois únicos aspectos da prática da educação: a) o conteúdo (que os professores ou não dominam ou dominam muito pouco) e b) a metodologia (história das ciências, ou como se aprende cada “tipo” de saber - igualmente desconhecido pelos professores).
O problema é muito sério, passando por uma reestruturação da própria formação de professores, pois a incompetência do ensino superior que não responde às necessidades da sociedade termina por deixar concluir o curso milhares de profissionais sem a menor condição de exercer a contento sua profissão.
Não bastassem as dificuldades que já se acumulam, os “discursistas e legisladores”, apoiados pelas patrulhas do “politicamente correto” de plantão, desejam uma capacitação dos profissionais em diversas áreas, tais como: Educação Ambiental, Educação para o Trânsito, Educação Sexual, Artes, entre outras, sem falar na INCLUSÃO (Libras, braile, dislexias, descalculias, TDAH etc.).
No discurso é valorizada a “autonomia intelectual”. A inclusão empurra para as metodologias mais participativas e subjetivistas, mas a escola brasileira permanece majoritariamente nos esquemas tradicionais, com enormes quantidades de alunos em sala, discursos “legais” e práticas hipócritas.
Para INICIAR qualquer pensamento com foco na qualificação da educação brasileira, temos que tomar algumas iniciativas de longo prazo:

1- A radical mudança na quantidade de alunos por sala de aula – interessante que os interessados na inclusão não lutem por esta medida tão básica para que a inclusão possa vir a ser contemplada.
2- A inclusão da Epistemologia genética (o conhecimento sobre como o sujeito aprende) em qualquer curso de formação de professores.
3- A aprendizagem, nos cursos de formação de professores, da metodologia específica de cada ciência.
4- O estudo do uso de recursos didáticos para facilitar as aprendizagens.
5- A garantia de que o professor domine os conteúdos que pretende ministrar.
6- O fim da distribuição de diplomas na área da educação - impensáveis em qualquer outra área.
7- A obrigatoriedade das escolas terem um conjunto de recursos didáticos (jogos, materiais concretos) que facilitem a aprendizagem.
8- A formação da compreensão moral, dos valores de nossa sociedade, de forma que capacite os professores a acompanharem fenômenos como o bullying.
9- A formação geral para identificação de possíveis problemas de aprendizagem e seu encaminhamento.
10- A capacitação para o PLANEJAMENTO (elaborar, realizar e avaliar).
11 - A curto prazo, adentrar as escolas e capacitar os professores basicamente para os conteúdos e métodos de ensino.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O PAPEL DO JOGO NA APRENDIZAGEM


(VEJA EM PÁGINA ANEXA: Exemplos de jogos Pedagógicos)

O jogo exerce uma fascinação sobre as pessoas que lutam pela vitória, procuram entender seus mecanismos ou simplesmente divertem-se. Em todas as culturas os jogos estão presentes, quer nos grandes espaços, quer nas manipulações de peças em pequenos tabuleiros. Podem estar ligados ao canto, à poesia, às mímicas ou a instrumentos como bolas e armas.
Os gregos chegaram ao ápice do fascínio pelo jogo, com os Jogos Olímpicos, competições tão importantes que faziam as guerras serem suspensas.
Do ponto de vista da criança e dos jovens o jogo é o próprio esquema de assimilar do mundo - elas transformam tudo em jogos. Jean Piaget identifica em seus estudos pelo menos seis tipos diferentes de jogos. Assim, as escolas deveriam fazer do jogo o fundamento das metodologias de ensino para desta forma garantir aprendizagens relevantes e duradouras.
O jogo caracteriza-se pelo uso e manipulação das REGRAS (salvo os jogos simbólicos) e, nesse sentido, é fundamental na construção da moralidade. Mas é preciso saber usar os jogos, pois em cada idade o interesse da criança e do jovem varia, envolvendo-os em diferentes tipos de jogos.
O jogo: 1) Forma o pensamento lógico por meio de suas regras. 2) Forma o comportamento MORAL pela aquisição da regra. 3) Forma a atitude social pela convivência com o outro.
Neste contexto, TODOS OS JOGOS SÃO PEDAGÓGICOS, e as crianças deveriam jogar diariamente em suas escolas. Deveriam ter à disposição toda sorte de jogos que permitam a compreensão de certos conteúdos, que ajudem a sistematizar um conhecimento ou mesmo que simplesmente desenvolva suas capacidades mentais.
Entretanto, o material concreto não possui uma magia em si. Não é a “coisa” que em si resolve os problemas de aprendizagem. O tônus envolvido, a teoria dos jogos (alcançar o que empolga a criança em cada etapa do seu desenvolvimento) terá vital importância. Podemos visitar mil museus e continuarmos na mesma ignorância, enquanto um objeto simples pode tornar-se um grande instrumento de conhecimento dependendo do condutor do processo de aprendizagem.