terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

EDUCADORES – REVOLUÇÕES NA EDUCAÇÃO - PAULO FREIRE-:


PAULO FREIRE

O que falar de Paulo Freire, quando sobre ele, tanto se sabe? Talvez seja o único dos grandes educadores brasileiros que qualquer pedagogo em formação ouviu falar.

Educador e filósofo, tem seu trabalho voltado para educação popular e, particularmente, para a educação de adultos. Seu projeto educacional nasce da relação política entre os sujeitos e sua principal ferramenta metodológica é o “diálogo”. Segundo ele, o aluno ao alfabetizar-se toma consciência de sua realidade e torna-se apto a transformá-la.

Paulo Freire morou na Europa durante a ditadura militar no Brasil, quando ficou internacionalmente conhecido, tendo sido presidente do Conselho Mundial das Igrejas. Desenvolveu trabalhos na América central e na África.

Em seu livro fundamental, “Pedagogia do Oprimido”, ele propõe uma metodologia e uma abordagem da educação visando a conscientização dos indivíduos. Paulo Freire vê na educação uma arma para a libertação.

Sua obra é vasta e caminha sobre uma trilha da filosofia cristã, destacando-se por um forte compromisso com os oprimidos na sociedade capitalista. Neste contexto, Paulo Freire se coloca próximo à Teologia de Libertação (Frei Leonardo Boff) e vai distanciando-se da tarefa de criar uma metodologia mais concreta para a sala de aula. Nem mesmo sua passagem pela secretaria de Educação de São Paulo o tirou dessa postura essencialmente filosófica-cristã. Assim, Paulo Freire não desenhou uma metodologia educacional capaz de dar conta da escolaridade das crianças e jovens.

Seu trabalho tem destaque indiscutível na educação dos adultos tendo sido acolhido em muitos projetos em diversos países na África América Latina.

Seu livro “Educação como Prática da Liberdade” é uma leitura indispensável a TODOS que lidam com qualquer nível ou aspecto da educação.

Não é no silêncio que os homens se fazem,

mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão

Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo,

os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.

Ninguém liberta ninguém.

As pessoas se libertam em comuNHÃOnhão.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O SILÊNCIO CÔMODO PARA SITUAÇÕES INCÔMODAS

Dra Adriana Oliveira Lima

São muitas as situações especiais em que as crianças estão expostas de maneira cotidiana e que podem marca-las de maneira mais profunda e especial. Pode ser a perda de uma “velha” babá que estava com as crianças há muito tempo, pode ser o afastamento espacial de familiares com quem convivia, pode ser a morte real de um ente da convivência da criança. Pode, ainda, ser uma separação dos pais ou o nascimento de um irmão ou irmã.

Mas em que tais situações podem encontrar uma identidade? O sentimento que perpassa estas situações e o de “abandono”. Em todos estes contextos da vida em que estas situações aparecem a criança pode sentir-se abandonada (ou pelo menos é uma das muitas leituras que a criança pode fazer). Sendo ela, a criança, de natureza onipotente, centrada em si mesmo, poderá muito facilmente se achar a fonte e razão de todos os acontecimentos e talvez a culpa de todos os abandonos. É muito comum a criança calar frente aos acontecimentos. Isso se dá porque os adultos temem de tal forma falar sobre os eventos que induzem e/ou impõem o silêncio. Falar de morte nem pensar. As separações são silenciadas quando a criança quase sempre “sabe” intuitivamente TUDO que esta acontecendo entre os pais – crianças percebem nas entrelinhas, em pequenos gestos...

O nascimento de um irmão (a) é a fantasia máxima. Os pais fazem questão de afirmar que esta tudo muito bem, que o mais velho(a) “adora” o irmão (a) que ajuda a mãe a cuidar do bebê.

Primeiro pensemos a separação. É bom lembrar que o casal deixa de existir, mas a criança permanece tendo os pais. Pai e mãe devem partilhar os cuidados para que a criança sinta esta continuidade, que suas perdas não sejam as dos adultos. Mas esta maturidade é muito difícil. É frequente o jogo entre adultos que deixam as crianças à deriva nesta relação. Às vezes um dos cônjuges, muito frequentemente o pai, fica mais ausente. O primeiro passo para o equilíbrio desta difícil situação, é a garantia da permanência das condições econômicas em que a criança se insere. A responsabilidade imediata na separação é o primeiro passo para as responsabilidades emocionais-afetivas. Procurar não mudar muito a vida da criança quando é muito pequena de forma que as permanências auxiliem este momento complexo. Os mais velhos, após os 7/8 anos, deve-se conversar e explicar a separação sem tomar partido ou jogar um dos pais contra o outro. A criança terá aqueles pais para sempre e seus sentimentos serão inteiramente distintos do que o pai e a mãe sentem um pelo outro. Ouvir as angustias e medos da criança é muito importante, tentar enfrentar todas as questões por elas colocadas é o maior objetivo e o rumo para dar-lhe segurança quanto a realidade que viverá.

Quanto ao nascimento de bebês, é necessário não colocar na criança seu próprio desejo. Qualquer criança se sentirá insegura com a chegada de um bebê em casa. Sentirá perdendo algo que não precisava dividir. Sentirá dividindo os espaços, as mãos, os colos... A relação entre irmãos é uma construção social de longo prazo, normalmente cheia de conflitos. A negação dos pais frequentemente coloca os mais velhos em situação dolorosa.

A criança sente que TEM que gostar do bebê pois senão não mais será querida pelos pais. A criança começa a ser "escravizada": pegue isso, pegue aquilo...dê para seu irmãozinho...ele é pequenino...cuide do seu irmão... São inúmeras as situações em que o filho(a) mais velho consede espaços e objetos. É comum isto gerar uma certa melancolia.

Os pais precisam cuidar deste irmão mais velho. Precisam ser cuidadosos com a invasão que esta criança sofreu. O mais novo, não sabendo do que era a realidade sem irmão, pois já nasceu com irmão, deverá aprender a partilhar, a dividir a não ter tudo para si. Os pais deveriam fazer programações específica para cada filho, momentos em que podessem dedicar-se com exclusividade e trocar segredos e fazer pactos. Não se iludam deste mar de rosas...há sofrimento varrido para debaixo do tapete..

A perda de uma pessoa próxima. Quando é uma babá que se foi, apenas converse com a criança, mostre o que é mais permanente e mais fluido em suas vidas. Quanto a morte, até cerca de 9 anos a criança não tem a real noção do “para sempre” ou “nunca mais”. A ressurreição é uma expectativa bastante natural para os pequenos e assim explicar que alguém morreu pode repetir-se diversas vezes. Uma criança de 4 anos, perdeu o pai e após várias vezes explicada a ela que ele não voltaria ela perguntou “vamos acabar com esse Tempo de morrer?”. Assim, sempre que a criança falar, converse e explique que não mais voltará, mas que pode ver as fotos, conversar no pensamento e outras brincadeiras simbólicas. Até os 9 anos a criança não terá a total compreensão da morte. Os mais velhos, por volta dos 9 anos, (lembrar que os pequenos ao chegarem a esta idade a questão deve ser “re conversada”) devem conversar sobre esta perda e ser atendida em seu sofrimento, deixando-a chorar e perguntar.Claro que questões complexas como o suicídio, por exemplo, devem ser omitidos pois sua complexidade demanda abstrações para serem compreendidas. Numa idade mais avançada esta questão deve ser enfrentada pelos que cercam a criança.