sexta-feira, 30 de março de 2012

Eike Batista, um superpai?

http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/03/eike-batista-um-superpai.html


Eike Batista, um superpai?

O comportamento do pai de Thor nos leva a refletir sobre o que é a paternidade em nossa época

ELIANE BRUM

Rudolf Steiner, a pedagogia Waldorf - EDUCADORES E REVOLUÇÕES NA EDUCAÇÃO


A Pedagogia Waldorf foi criada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner e a 1ª escola a utilizá-la foi fundada em 1919 em Stuttgart, na Alemanha. Essa pedagogia preocupa-se com o desenvolvimento global do indivíduo e suas diferenças individuais, tendo por objetivo descobrir as capacidades dos mesmos a fim de realizar plenamente seu potencial.
        Seu currículo é desenvolvido em bases antropológicas/antroposóficas. A antroposofia, do grego “sabedoria humana”, foi fundada por Rudolf Steiner, que presidiu a Sociedade Teosófica da Alemanha.  Ela tem como objetivo a evolução física, emocional e espiritual do ser humano.
        A proposta pedagógica de Steiner divide o desenvolvimento em três etapas (setênios):
De 0 a 07 anos Característica: O bom. A criança está na fase do desenvolvimento motor e do aprendizado por imitação.  O educador Waldorf deve ser digno de ser imitado, pois representará a moralidade futura.

De 07 a 14 anos (maturidade sexual) Característica: O belo. Fase de emancipação da vida corporal; Interesse pela admiração que as coisas causam; a puberdade (12/14 anos) perturba sua harmonia.

De 14 a 21 anos (maturidade social) Característica: O verdadeiro. Liberdade das forças anímicas; desenvolvimento do pensamento lógico, analítico e sintético. Nesta fase o professor Waldorf deve ser digno de respeito.
       
        Não existem grandes diferenças no detalhamento do trabalho entre este método e a ideia construtivista de uma maneira geral. Entretanto, alguns tópicos metodológicos são objeto de um olhar mais crítico e, a título de exemplo, tomarei duas destas propostas.

        Primeiro, cada grupo de alunos desde o primeiro ano terá um(a) professor(a) de classe, que acompanhará essa turma durante os 8 anos de ensino fundamental. Supõe-se com isso que o professor, devido à intensa convivência com seus alunos, os conheceria em profundidade podendo realizar um trabalho extremamente individualizado.

        Sobre isto precisamos apontar a complexidade das relações humanas, onde simpatias e antipatias, identificações e mesmo incompetências deixaria bastante comprometida a ideia de uma criança estabelecer uma relação com uma professora tão duradoura (imagine se ela tiver pontos fortes de controvérsias). Acredito que a diversidade de pessoas lidando com as crianças ao longo da escolaridade fornece um conjunto de modelos capazes de formar uma personalidade individual e nova e bastante saudável.
       
        Outro ponto a se destacar é que a pedagogia Waldorf utiliza o ensino em épocas para possibilitar aos alunos um maior aprofundamento nos grandes temas propostos. “Assim, por exemplo, é dada uma época de história por 03 ou 04 semanas, durante a qual o aluno vivencia uma integração de matérias em torno do tema abordado. Pode-se seguir uma época de matemática ou de português e assim, sucessivamente”.
       
        Piaget nos mostra que a inteligência é global. A abordagem do real se faz com todos os sentidos. As estruturas são de “conjunto”, o que torna muito pouco natural uma abordagem pontual e extensa no tempo. A criança deve ter à sua disposição uma gama rica de atividades para desenvolver novos esquemas para assimilar o real.


EDUCADORES JÁ PUBLICADOS:

Anísio Teixeira
Paulo Freire
Celestin Frenet
Montessouri
Makarenko
Rudolf Steiner

quinta-feira, 22 de março de 2012

ESTÁDIO OPERATÓRIO CONCRETO - 7 A 12 ANOS

 
“Dicas” para OS PAIS

            1. Assistam filmes de aventuras juntos. Procure mostrar filmes clássicos, fale de sua infância e dos filmes e aventuras que viveu (na adolescência você não terá esta chance). O aspecto cultural da educação depende muito de você (a TV contribui muito pouco).
            2. Leia histórias que, agora, podem dispensar inteiramente as figuras. Peça que imagine ou desenhe que ilustração seria adequada a cada passagem da história. Procure livros que dificilmente seu filho leria sozinho.
            3. A ausência de limites é desestruturadora, uma vez que a criança é rigorosa com as regras e sabe que errou. Discutir é sempre um caminho positivo. A introjeção da LEI é característica desta etapa. A criança precisa organizar a Lei para alcançar a autonomia na adolescência.
            4. Entenda que ela prefere estar com os amigos. Há muito que fazer, há muitas aventuras. Ela preferirá sempre ter um amigo convidado ou ir para a casa deles. Gostam de estar com o "bando", na "rua".
 
5. Procure fazer atividades que envolvam alguma aventura ou descoberta como andar em trilhas, caçar insetos, procurar esconderijos, brincar de esconde-esconde, fantasmas (gostam de histórias de terror - apropriadas à idade) etc.
            6. Realizar experimentos científicos é de alto interesse deles e uma maneira de estar junto. Acampar, caminhar na praia recolhendo diferentes materiais são ações típicas desta idade e que os pais podem fazer junto aos filhos. Sente com eles e façam maquetes, dobraduras, brinquedos
7. Jogue diferentes jogos. Seu filho é capaz de aprender cada vez mais facilmente uma grande quantidade de regras. Lembre que até o xadrez, que é um jogo complexo, já pode ser aprendido. Procure diversificar, pois vai depender muito dos pais a criança aprender a variar de atividades. Quando deixados sozinhos elas tendem a ficar horas a fio na frente da televisão.
            8. Sempre que possível convide amigos de seus filhos para sua casa para jogar e brincar. Seja um promotor de encontros entre a sua criança e as demais. Os pais têm menos trabalho quando seu filho está com amigos do que nas ocasiões em que esta sozinho. “O melhor brinquedo para uma criança é outra criança” .
com sucatas, construções com blocos etc.

 
9. Nas tarefas escolares de casa seja um desafiador. Não se comprometa com a aprendizagem, que é papel da escola e onde, freqüentemente, entram em conflito. Faça destes momentos algo positivo na relação entre você e as crianças. Os pais desgastam suas relações com os filhos tentando fazer as tarefas escolares. Deixe que a criança aprenda a fazer sozinha e use o tempo disponível para outros conhecimentos a serem partilhados entre pais e filhos.
            10. Se quiser ensinar, procure revistas, novos livros, curiosidades, filmes. Há uma infinidade de coisas interessantes para serem partilhadas, que não sejam do conteúdo escolar.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Estádio INTUITIVO - de 4 a 6/7 anos





Este é o período em que o egocentrismo chega ao seu apogeu, sendo, um período PRÉ-CONCEITUAL por excelência. Piaget identifica nesse estádio a formação dos preconceitos sociais (cor-raça, gênero, pobreza etc.) facilmente adquiridos pela incapacidade operatória em colocar-se no ponto de vista do outro, observar preceitos legais etc. A justiça neste estádio é quantitativa e igualitária, isto é, a lei do “olho por olho, dente por dente”. A criança nesse só considera devidamente punido aquele que recebe castigo igual e inverso. Toda decisão do adulto parece-lhe justa, mesmo quando obviamente injusta.
O mundo da criança ainda está centrado no próprio ponto de vista, resultando em uma enorme dificuldade em objetivar-se.
A criança intuitiva não logra uma boa relação com o ponto de vista do outro por não ter o pensamento lógico que consiste na precisa capacidade de corrigir os erros da percepção e, assim, superar suas “impressões” (“ainda que as árvores pareçam mover-se quando estou no carro, é o carro que se move”). É a idade dos PORQUÊS e "fogo". 
“Dicas” para OS PAIS das crianças de 4 a 7 anos
1. Livros de histórias ou "revistinhas" podem ser manuseados diretamente sem a dependência do adulto. Se estimulado, concentra-se olhando as figuras longamente. Pode começar a interessar-se pela leitura e a escrita, o que deve ser visto com naturalidade sem qualquer pressão.

2. A criança inicia a escrita escrevendo como imagina as palavras, algumas vezes usando símbolos próprios, não convencionais. Mistura a representação escrita do objeto com o próprio objeto e, assim, escreve, por exemplo, formiga com poucos símbolos, “porque ela é pequena”, e elefante com muitas “por que ele é grande”. Evolui para a representação por meio de letras e vogais, mas de maneira casual e sem organicidade. Passa então a fazer correspondência entre letras e sílabas, representando o ritmo da palavra (um símbolo para cada sílaba). Por fim, representa os fonemas corretamente
 
3. Leve-a junto com você sempre que for FAZER coisas (lavar um carro, consertar uma torneira, ver uma obra, limpar a cozinha, cuidar do jardim, fazer compras etc.). A criança nesse estádio tem grande interesse por todas as ações e torna-se assim um bom "ajudante".

4. Aproveite momentos. Construa com ela brinquedos de sucata, faça desenhos, abra um relógio velho ou um telefone para ver o que tem dentro. Os brinquedos de construção devem ser particularmente estimulados. Faça dobraduras, experiências etc.

5. Responda o “porquê", mas sempre questionando. Faça seu filho pensar e dar sua opinião também. O pensamento científico se constrói quando se reflete e opina. Faça experiências (ou deixe-a fazer), desde simples misturas de sobras num restaurante até aquelas mais estruturadas que podem surgir quando ela fizer uma pergunta. Seja um cientista junto com sua criança. A curiosidade e o espírito científico são facilmente destruídos nos sistemas tradicionais de ensino.

6. Discuta os preconceitos, leve-a a partilhar os trabalhos domésticos, independentemente do sexo. Ensine-a como lidar com o diferente. O racismo e todas as discriminações são proibidos por lei. Ensine seu filho (a) a conviver socialmente. Não subestime os comportamentos preconceituosos desta idade, pois é neste momento que os preconceitos se constituem.

7. Assista a filmes ou outros programas juntos e partilhe opiniões. Critique e elogie a televisão, mostrando que o que ali está é questionável e não imutável.

8. Jogue com ela jogos populares como "damas", "loto", "memória", "dominó" e outros similares. Estabeleça seu tempo e imponha limites, pois ela pedirá sempre mais.

9. Conte histórias completas, com início, meio e fim. Pergunte sobre a história. Os livros podem ter menos figuras e pode ser lido o texto que o livro traz.

10. Colecione alguma coisa (ou várias): tampinhas, papel de bombom, chaveiro, postais etc. Aqui se origina o que serão as coleções da criança entre os 07 e 12 anos (operações concretas).


segunda-feira, 12 de março de 2012

ESTÁDIO SENSÓRIO MOTOR -“Dicas” para OS PAIS


a criança de zero a 2-3 ano
Os estímulos são relativos  a criança após 12 meses
texto do livro "FAZER ESCOLA - 
DraAdriana Oliveira Lima





·         Proteger esta criança dos perigos não pode significar impedir sua ação. A primeira palavra que esta criança aprende é, quase sempre, não. Toda ação negativa deve ser substituída por uma positiva. Retirar de uma ação proibida deve implicar outra, permitida.

·         As longas explicações verbais não são compreendidas Todo entendimento é prático. A criança nesse estádio aprende pela repetição da ação. Para adaptar-se à escola ela precisa, ainda que chore, sentir a repetição da ação (mamãe deixa e pega, deixa e pega...).

·         Muitos objetos devem estar à sua disposição. Tenha uma caixa grande cheia de objetos que possa ser virada no chão para a criança explorar os objetos. Inclua coisas como telefones sem uso, uma colher, uma camiseta etc.

·         A criança está mais interessada em virar a página do que em observar as figuras dos livros e revistas. Deixe à sua disposição aquelas que podem ser rasgadas.

·         Os jogos deste período são, por exemplo, ações repetidas de tirar e pôr. Tenha recipientes, vidros plásticos de boca larga ou gavetas para que ela possa colocar e tirar objetos do interior. Você não vai cansá-la. Essa criança é capaz de repetir uma ação dezenas de vezes.

·         Permita explorações de novos objetos como, por exemplo, objetos que produzem som. Podem ser as panelas de seu paneleiro, objetos do escritório, alimentos da dispensa, roupas do armário etc. Sempre que estiver fazendo alguma coisa, deixe o bebê com algo na mão.

·         A água é seu "ambiente": permita banhos um pouco mais longos, com brinquedos e objetos diversos. Leve à praia se possível ou à piscina. Mesmo uma bacia de água pode ser uma fonte de muitas atividades.

·         Ensine todo tipo de caretas, palmas, sons e danças. Cante e brinque com o corpo da criança, massageie-a, dance com o bebê no colo etc. Deixe que outras pessoas do ambiente brinquem com a criança, o outro é uma experiência nova.

·         Organize a vida do bebê com disciplina. A ordem externa vai interiorizar-se ao longo da vida da criança. O bebê deve ter hora para alimentar-se e local adequado (não deve ser em frente à TV), deve ter horários para dormir e para as demais atividades do dia.

·         A criança Sensória Motora deve SEMPRE ter um objeto disponível que possa ser levado à boca e explorado livremente. Ande sempre com objetos (brinquedos).

sábado, 10 de março de 2012

O Estádio Simbólico

SUGESTÕES PARA OS PAIS
(a criança de 03 a 04 anos)
O texto abaixo é do livro FAZER ESCOLA da Dra Adriana Oliveira Lima


“Dicas” para OS PAIS
Das crianças SIMBÓLICAS 


·        
·         Conte muitas histórias, ainda que repetidas (a criança nessa idade adora a repetição). Use livros com figuras e não se preocupe com o texto escrito no livro. Descreva as figuras, invente... Esta idade é propícia ao aumento de vocabulário, aproveite as figuras descritivamente.
·                     Qualquer resistência a ordens pode ser contornada pelo faz-de-conta. Se transformarmos o “dever” (tomar banho, comer, etc.) numa “aventura”, as resistências caem por terra. Sempre que possível “invente” uma história.
·                     Brinque com ela diariamente por algum tempo. Lembre que ela não tem noção de tempo e, portanto, 10 minutos podem ser uma infinidade. A qualidade deste momento é o mais importante. Faça com prazer, lembrando que poucos minutos podem ficar como lembranças por toda uma vida.
·                     Panelinhas, carrinhos, casinhas... A imitação da realidade é seu brinquedo favorito. Um telefone velho, um chaveiro com velhas chaves ou caixas podem se transformar em interessantes brinquedos.
·                     Tenha sempre papel e lápis à mão, pois desenhar é uma atividade para todos os momentos e lugares. Num restaurante, por exemplo, ou lugares em que os adultos permanecem por longo tempo, esperando que as crianças os acompanhem.
·                     Ensine sua criança a folhear revistas e, ao final, ajude-a a recortá-las (aos 3/4 anos). A percepção do detalhe nessa idade é fascinante e elas podem concentrar-se por algum tempo olhando figuras de uma revistinha.
·                     Brinque com maquiagem. Pinte rostos de palhaços, animais etc. Use fantasias, roupas (vestir a roupa do papai e da mamãe). Pintar-se pode ser uma brincadeira divertida. Pinte-se e fantasie-se com a criança - é bastante divertido. Dance, ouça música.
·                     Ensine os movimentos básicos com massa de modelar: construir cobras e bolinhas (movimentos finos). Brinque de dar cambalhota, rolar na cama, no chão, pegar e lançar uma bola ou equilibrar-se (movimentos largos).
·                     Construa castelos na areia e brinque com água (piscinas, balde, mangueira), lave carros e leve baldinhos quando for à praia. A praia pode ser um desafio de engenharia.
·                     Não castigue a ”mentira”, pois a criança não tem noção sociológica deste ato, e não a deixe de castigo por longo tempo, pois ela não tem noção de tempo (pode-se dizer que ficou uma hora, sem que tenha passado sequer 5 minutos).

INDICANDO UM FILME

Dra. Adriana Oliveira Lima

Front of the Class  - O Líder da Classe

Diretor: Peter  Werner

TV-2008

Síndrome de Tourette

                A Síndrome de Tourette é uma desordem neurológica ou neuroquímica caracterizada por tiques involuntários, reações rápidas, movimentos repentinos (espasmos) ou vocalizações (barulhos com a boca) que ocorrem repetidamente da mesma maneira. Não tem cura.
 O filme é sobre a determinação de John Coen, portador da síndrome de Tourette, em se tornar professor.
                Vale professores e pais em geral assistirem. Para os professores enriquece a compreensão da necessidade de aceitar as diferenças e acreditar no desenvolvimento humano. O filme é também uma lição de paixão pela profissão de educador de crianças.
                Para os pais em geral é importante para ajudar a aceitar melhor a realidade de suas crianças sejam elas quais forem.

domingo, 4 de março de 2012

AS BOAS LEMBRANÇAS


Em 1977 fundei com grandes amigas, Vera Tenório, Rosa Boselli, Evelyn Simões e Sonia Kramer uma escola na Gávea, Rio de Janeiro a CRECHE-ESCOLA SUPYSAUA. Lá trabalhei até a década de 1980, quando fui trabalhar com educação popular. Graças as redes sociais vamos achando aqueles com quem partilhamos bons momentos e somos também encontradas. Esta foi a alegria de receber o seguinte depoimento de uma professora que partilhou este sonho. Agradeço suas lembranças Eliana , elas nos enchem de novas forças e energia.

Eliana Lustosa

  • Escrevi no seu blog, mas não consegui enviar, não sei o porquê... Segue a msg e, se vc puder copiar e locar lá, agradeço... Bjs
    Adriana,
    Hoje, depois de tantos anos, ainda lembro o dia 28 de fevereiro de 1979. Nesse dia, que é o dia do meu aniversário, fui fazer uma entrevista na
    Escola Supysaua, no Rio de Janeiro. Lá encontrei a Escola dos meus sonhos. Fui contratada e não tinha a clareza suficiente de que ali eu aprenderia o que é educar um ser humano para a vida. Quando fecho os olhos e me ponho a lembrar de tudo o que fiz nessa vida, posso afirmar que foi ali o meu maior aprendizado, que foi ali que descobri a felicidade. Pensar que ajudamos a formar esses seres que hoje são ilustres na sua essência, me dá arrepios! O papel da Escola na vida das pessoas é fundamental, é essencial, e uma escola que trabalha para dar consciência e conhecimento, tem a maior importância para cada um de nós. Adriana, sou grata pela oportunidade que tive, de ser professora na escola em que você e outros, nos orientavam com garra, respeito e amor e, isso foi o que transmitimos aos pimpolhos, hoje todos homens e mulheres com capacidade de enfrentar os desafios dessa vida louca... Bom saber que em Fortaleza essa Escola existe! Salve! Beijos

sábado, 3 de março de 2012

CONSTRUINDO A AUTOIMAGEM

Dra. Adriana Oliveira Lima


Como educadores e pais, temos que nos debruçar sobre a questão da construção da autoimagem, a estima que a criança terá de si e como se valorizará nos confrontos sociais.

Assistindo ao filme “A Invenção de Hugo Cabret”, de Martin Scorsese, voltei meu pensamento para um documentário de 2008 sobre o racismo introjetado em crianças, feito nos Estados Unidos (veja no link). O filme de Scorsese é um espetáculo de imagem e nada mais. Um enredo pobre que abusa dos closes nos olhos azuis” do protagonista (por sinal bem fraco). Em nosso país (só aqui?) os olhos azuis parecem implicar beleza...Escreva “criança” no google e veja as imagens. E quantos feios com olhos azuis não conseguem se encontrar entre como são vistos e como se veem?

Temos não raro problemas de insegurança e baixa autoestima nas pessoas de uma maneira geral. Podemos nos perguntar como se constitui ou como se constrói esta realidade. Por que uma dificuldade tão grande em envelhecer? Por que o excesso de cirurgia plástica em nosso país? Por que até mães submetem crianças (seus filhos) a cirurgias para “reparar defeitos” que certamente são os adultos que os encontram.

Para pensar esta realidade temos que entender que estas referências se constroem pela introjeção de um “modelo externo” aos símbolos das crianças e que isso se faz através dos brinquedos e do que escutam dos adultos. A construção da autoimagem e sua ruptura com o real, a admiração não pela identidade ou similitudes, mas ao contrário, pelo ideal descolado do real, se dá pelas imagens, filmes, bonecos e bonecas, exclamações dos adultos sobre o que é feio e o que é bonito e outros estímulos sociais que afastam-nas sistematicamente do ESPELHO. Desta mesma forma, se constrói o que é o bem e o que é o mal.

A criança precisa orgulhar-se de sua cor, de sua língua, de sua cultura. ”Amai o próximo como a si mesmo”. A criança precisa admirar sua família e seu contexto social. Assim, se a criança é pequena, observe seus brinquedos, livros, etc. Questione, mostre a cor, a língua, a roupa. Não permita o subliminar. Observem os brinquedos, os amigos, os filmes e livros que seus filhos têm acesso. Varie, diversifique as imagens. A criança precisa identificar-se nos filmes e livros. Neste universo, Steven Spielberg é bastante interessante. As crianças em seus filmes são normais, iguais a maioria das crianças, embora ainda falte “o menino Marrom” (Ziraldo). É um bom começo para mostrar e conversar com as crianças sobre as diferenças (Os Goonies, Indiana Jones, ET etc).