segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

PORQUE IR CEDO PARA ESCOLA


Dra. Adriana Oliveira Lima


Esta é uma discussão bastante velha. Nos anos 1960 um forte movimento impulsionado por diversas pesquisas afirmavam a importância da educação e dos estímulos ao desenvolvimento infantil iniciarem na mais tenra idade. Os americanos inventaram os mais diversificados instrumentos de estimulação ao desenvolvimento das crianças; mães expondo seus filhos ainda em suas barrigas às composições de Mozart até métodos de alfabetização para crianças de apenas dois anos baseado em estudos como os de Glen Doman com crianças com lesão cerebral.

Passam as modas, ficam os estudos e pesquisas mais sérios e consequentes como os de Piaget sobre o desenvolvimento da criança. Agora, depois da inexplicável falta de estudos dos últimos 20 anos, aparecem “pensadores” da educação apresentando velharias como se fossem novidades e como se estivessem fundadas em conhecimento cientifico ou compreensão empírica da realidade social. Neste rastro aparecem duas posições: primeiro, a hipótese de que seria melhor educar as crianças em casa e, segundo, uma certa ressurreição da pedagogia Waldorf como movimento humanista, fundado em mitos e crenças sem contexto ou pesquisas.

Para educar em casa é necessário ter cultura e clareza acerca dos objetivos a serem alcançados. Ainda restariam as questões gravíssimas no âmbito da socialização, da inserção social da criança e do jovem.  As crianças que chegam à escola com 04 anos, por exemplo, apresentam dificuldades no âmbito social típicos dos pequenos de 02 anos. A convivência simbiótica com os pais trazem sérios prejuízos emocionais que terminam por influir no desenvolvimento cognitivo da criança.

Não há como contrariar as realidades cerebrais. Os acontecimentos no cérebros são alheios aos desejos. Assim, os deslocamentos das áreas cerebrais na aprendizagem de uma língua, por exemplo, mostram que quanto mais cedo o indivíduo está imerso no bilinguismo, melhor será sua aprendizagem da língua e maior seu desenvolvimento cerebral. O mesmo ocorre com a exposição à música e outras experiências. É sempre bom lembrar que as mamães, com todo o seu amor, não estão capacitadas a realizar este conjunto de atividades que a criança pode vivenciar na escola, brincando.

As 02 anos a mielinização está concluída e à medida que cresce, o cérebro vai fechando portas até começar a envelhecer. As 07 anos outras portas fecham-se, na adolescência outras tantas... Assim, a questão não é ficar com a criança em casa, mas em que escola colocá-la. Uma escola pode ser um lugar saudável de convivência entre as crianças, com estímulos ao seu desenvolvimento sem pressões ou estigmas. O lugar perfeito para criar este animal chamado homem é com outras crianças.
 
Para maior aprofundamento vejam no blog artigos sobre a educação Waldorf e sobre estudos recentes da neurociência.
Sobre a pedagogia Waldorf