sábado, 2 de janeiro de 2016

UM PARTO ("humanizado") DE ALTÍSSIMO RISCO


UM PARTO  ("humanizado") DE ALTÍSSIMO RISCO

                           Dra Adriana Oliveira Lima

O Parto Humanizado é um processo de assistência ao parto, centrado na mulher. Tudo aliado a um ambiente calmo e tranqüilocom privacidade e muito respeito, respeito ao ato de nascer.

Num país onde o destaque fica por conta dos processos DISCURSIVOS este é mais um engodo. As palavras não estabelecem conexão com as praticas efetivas. O que chamam de humanizado acaba num circo misterioso de descuido e do naturalismo bruto. Não podendo desvincular-se da pratica discursiva e descuidada de estudos mais elaborados, juntam remendando  banheiras, cadeiras, meia luz, bolas, chuveiros... Agregam objetos onde não sabem explicar procedimentos.
Grave mesmo, entretanto, é o abandono das tecnologias e recursos de saúde, já tão negligenciados em nosso país, em nome de uma busca histérica das origens. Nos tempos dos indígenas, de nossas avós, os partos eram tão naturais... morriam milhares de mulheres e bebes, sequelas irreversíveis de toda natureza proliferavam. Não se pode ter duvida de que os avanços da tecnologia e os recursos de exames (de imagens, então, nem se fala!) nos colocaram em vantagens abismais. Higiene, vacinas, anestésicos, e outros recursos médicos modernos levaram a maior  sobrevivência de mães e seus filhos.

Mas os “Humanizados” escolhem Homeopatia, espiritualidade, arrastar-se pelo chão, pendurar-se em redes improvisadas, cavalgar cavalinhos e sentar em bolas... uma mistura de recursos sem qualquer estudo científico (mas estudos eles também rejeitam porque suas praticas são ancestrais) sem escolhas ou explicações.

Mas os “Humanizados” mostram que tudo pode ser pior. Fazem partos em casa sem qualquer proteção ao bebê (correr na emergência para o hospital não garante nada, pois sabemos que não contamos com o único elemento que pode salvar uma criança: O TEMPO).  

O parto chamado “ Humanizado” que vi praticado em Fortaleza, não me pareceu ter nenhuma característica de respeito a mulher e seu corpo, ao bebê e sua vida ainda por vir. Partos realizados sem equipes, partos realizado sem famílias (brutalmente afastadas como algo maligno), feito as escuras em salas trancadas sem acesso a profissionais médicos, uma Dola com a parturiente (e diga-se de passagem a única pessoa realmente envolvida num ideal), a parturiente gritando em desespero e médica “humanizada” dorme no chão hospitalar ou joga CANDY CRUCH. Sim, na sala ao lado, sem importar com a “protegida e respeitada” mulher que sofre ao lado.

Enfim, muito frequentemente termina a médica “humanizada” numa Cesariana meio bruta e final. Com o triste agravante da médica "humanizada" pedir a mulher (respeitada?) que enfim DECIDA se quer a cesáriana (quando as condições médicas da escolha não estão em suas mãos).

O que chamam de “Parto Humanizado” é um conjunto de práticas de alto risco (não condenadas por não se poder dizer erradas, mas as escolhas mais bizarras quando a ciência se apresenta diminuindo as dores e os riscos).

Que as mulheres brasileiras transitem das cesárias desnecessária para partos normais com o apoio dos sistemas de saúde mais modernos, com equipes e condições verdadeiramente humanas.
Que as mulheres brasileiras  não se iludam com banheiras, bolas e bizarras negações aos recursos de segurança para suas vidas e de seus bebes.


Outro artigo que vale a leitura.

http://olharatual.com.br/o-parto-animalizado/