domingo, 19 de maio de 2013

Outra vez a Ritalina










Dra Adriana Oliveira Lima



Tendo nossas raízes fincadas  na cultura latina por razões históricas, começamos a nos assombrar com as contradições que mais e mais aparecem como fruto de uma mudança radical para uma profunda influência da cultura anglo saxônica. Não é uma questão de sociedade de consumo e a influência americana, mas uma mudança mais profunda que se desenhou nos anos 1980 quando os investimentos em bolsas no exterior voltaram-se quase inteiramente para os Estados Unidos (tive oportunidade de analisar estas mudanças por ocasião da minha tese de doutoramento). A formação das elites e lideranças mudavam de eixo.
Hoje nosso cotidiano está tão impregnado destas influências que quase não nos apercebemos.  Nas redes sociais apareceu um artigo sobre o consumo de medicamentos e os números de crianças diagnosticadas com Déficit de Atenção (Por que as crianças francesas não têm Deficit de Atenção? http://equilibrando.me/2013/05/16/por-que-as-criancas-francesas-nao-tem-deficit-de-atencao/  ) e podemos tirar bom proveito deste artigo.
                Primeiro a questão disciplinar. As crianças brasileiras estão seguindo o modelo americano de pais que não impõe regras e deveres. No salão de beleza, esta semana, um menino gritava descontrolado e batia na cara da mãe para não cortar o cabelo, creiam devia ter uns 3 ou 4 anos! O Brasil esta precisando de “super nanies”.
                Segundo a idolatria das famílias pelas escolas tradicionais e de “prestígio” na sociedade que os levam a preferirem medicar seus filhos, enchê-los de reforço escolar, admitir-lhes doenças de toda ordem, desde que os enquadrem nestas escolas. Nunca se perguntam se o problema não seria de uma escola atrasada e inadequada.  Os pais preferem ver os defeitos nos filhos do que criticar a escola “bem aceita na sociedade”. Que falta de amor numa estrutura de educação que beira o ridículo, na estrutura atrasada de organização física e metodológica.
                Por fim a incompetência nos diagnósticos e tratamentos. Não digo que não exista necessidade em alguns casos de medicamentos, mas temos que nos perguntar por que estas necessidades são maiores nas sociedades onde as crianças estão crescendo sem regras, e ao mesmo tempo e contraditoriamente, submetidas a regimes medievais de educação tradicional.
                Em outro artigo falamos sobre o uso da ritalina, vale repensar.



domingo, 5 de maio de 2013

UM TEMPO DE FANTASIA IMPERDÍVEL.



Entre 4 e 6 anos
UM TEMPO DE FANTASIA IMPERDÍVEL.
        Dra Adriana Oliveira Lima



Os pais muitas vezes se adiantam, pela ansiedade de ter um bebê ali e tantos planos de paternidades e maternidades... Mas o fato é que os primeiros três anos de vida são de muita experiência física, manipulação de objetos, texturas, experiências ambientais, musicais e de toda sorte de experiência FÍSICA que se possa propiciar a uma criança.
        Nestes primeiros anos também as imitações são tão estruturantes que a criatividade fica por conta da própria natureza impetuosa e criativa da criança. Imitação sim. Precisam aprender gestos, mostrar as partes do corpo, cantar parabéns e FALAR. A fala é pura imitação. Converse muito descrevendo as ações para este pequenino que sempre alerta o surpreenderá com uma linguagem rica e inusitada.
Mas um desafio fascinante se avizinha quando estes pequenos vão completando 4 anos. Agora sim, todas as aventuras dos quintais de “backyardings” se tornarão tão presentes que papais e mamães por vezes duvidam se a criança sabe discernir entre fantasia e realidade. Calma elas SABEM perfeitamente. Entretanto suas cabeças cheias de linguagens e experiências, histórias e fantasias explodem ansiosamente neste eterno brincar.
        Somos cavalos, os sofás carros ou aviões, podem de repente ser um avião. Garrafas podem ser pessoas e você pode vê-las dando aulas para vidros de esmalte. Os bonecos são seres vivos que assistem TV... O personagem Calvin bem pode mostrar este mundo sério e louco.
        Vamos fazer barracas, acampar na sala, cozinhar em fogareiros, fazer piquenique nos parques, aniversários das bonecas e bonecos. Artesanato, transformar sucatas em maravilhas.
Não se adiantem. Esperem e esbaldem-se de invensões entre os 4 e os 6 anos. Qualquer proposta é válida. Fazer um bolo na cozinha, quebrar um ovo sem derramar, misturar uma receita, esconder-se em baixo da mesa.
        Divertido, muito divertido e não perca, pois as coisas mudarão radicalmente após os 7 anos.